Se você parar pra pensar no interior da França, o que vem a mente é um ambiente romântico, com belezas naturais e paraísos gastronômicos. Com o passar dos anos, fomos esquecendo que a França esteve intensamente envolvida nas 2 maiores guerras da história da humanidade, e que lá ainda existem áreas que escondem vestígios dessas guerras.
Na Primeira Guerra mundial ocorreu a chamada Batalha de Verdum, onde mais de 700 mil soldados franceses e alemães foram dizimados no nordeste da França, e nessa área que corresponde a 100 quilômetros quadrados (aproximadamente o tamanho de Paris) existem zonas que permanecem isoladas e de acesso proibido, que armazenam armamentos químicos, explosivos não detonados e ainda muita munição. E o pior: restos de humanos e de animais que foram vitimados na guerra (cerca de 9 vilas foram desoladas na época).
A região é isolada devido ao solo e as fontes de água estarem contaminados com metais pesados, como chumbo, mercúrio, zinco e arsênio, além de gases perigosos de bombas e granadas de gás.
Essas áreas eram usadas como um “lixão” da guerra. Só para se ter uma noção, em 1923 o governo francês se livrou de mais de 3000 toneladas de munição. E pouco a pouco essas áreas foram se tornando áreas de cultivo agrícola.
Essa região foi batizada pelos franceses como Zone Rouge (Zona Vermelha) que continuou a fazer muitas vítimas mesmo depois do fim das guerras, pois de vez em quando um ou outro explosivo explodia na área, e as pessoas que consumiam produtos vindos dessas regiões ficavam doentes por razões ainda desconhecidas. Somente em 2004, pesquisadores descobriram o perigo mortal que há nesse lugar. Eles constataram que havia níveis de arsênio na água da região 300 vezes maior que o permitido.
Depois descobriram que havia uma quantidade muito elevada de chumbo nas carnes dos animais da área, e somente em 2012 a área foi isolada, teve seu acesso proibido e também qualquer tipo de produção agrícola estava vetada.
Infelizmente, muitas dessas áreas nunca mais poderão ser habitadas e deixarão marcas para sempre! Em algumas dessas áreas, 99% da fauna e da flora original nunca conseguiram se recuperar.
Fotos: Olivier Saint Hilaire
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